A tese de doutorado de Elaine dos
Santos se transformou no livro Entre lágrimas e risos (Foto: Divulgação)
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A professora Elaine dos Santos, que
atuou em Caçapava como docente do curso de Letras, da Urcamp é uma das
escritoras que estará na 29ª Feira do Livro de Caçapava, que ocorre entre os
dias 17 e 26 de maio. Elaine defendeu a tese de doutorado “Entre lágrimas e
risos: os Serelepes e a memória do teatro itinerante” pelo Programa de
Pós-graduação em Letras na UFSM, em 2013. Recentemente, o trabalho foi
publicado em livro que será lançado na feira, no dia 25.
A escritora terá outras atividades durante a feira, no dia 23, à noite, falará sobre o livro O Quatrilho e no dia 24, de manhã, fará uma análise das obras "As Meninas" e "Feliz Ano Velho". Sobre a tese de doutorado, segue uma resenha da pesquisadora:
A terapia do riso voltou!
O teatro remonta ao antigo Egito, 5.000 atrás, mas as maiores informações vêm da antiga Grécia, no seu período clássico, e dão conta que o teatro surgiu nas festas da colheita, em honra aos deuses. Era, portanto, uma manifestação marcadamente rural, popular.
O circo, de origem aristocrática, formado por espetáculos protagonizados por antigos cavaleiros da rainha da Inglaterra, que montavam e exibiam-se sobre cavalos, data do século XVIII. Os números de equitação eram extremamente monótonos e, aos poucos, adentraram o palhaço, os equilibristas, os malabaristas e o cavalo perdeu espaço. Inúmeras companhias circenses excursionaram pela Europa e pela América, propiciando integração entre os povos e a disseminação da cultura desses povos.
Em 1929, no interior de Sorocaba, Silvério de Almeida, um comediante, adoecera e não poderia apresentar-se para os trabalhadores de uma lavoura de café. Pediu que o filho, José Epaminondas, avisasse ao dono da fazenda que não haveria espetáculo, mas o rapaz decidiu que ele faria a apresentação – uma palestra cômica, semelhante aos “stand ups” modernos, em que um homem apresenta-se sozinho no palco. Os números apresentados foram um sucesso, nascia ali Nhô Bastião e, para fazer dupla com ele, Isolina, a sua irmã, assumiu a identidade de Nh’ana. Sempre sob a tutela do pai, ambos apresentaram-se por muitos anos nas lavouras de café, entre os trabalhadores, até que a família comprou um circo de pau a pique: o Circo Oriente. Mais tarde, já percorrendo o interior paulista e os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, José Epaminondas adquiriu a Politeama Oriente – um teatro feito com chapas de zinco que se encaixavam para a montagem, havendo espaço para “puleiros” e cadeiras em que o público acomodava-se.
A escritora terá outras atividades durante a feira, no dia 23, à noite, falará sobre o livro O Quatrilho e no dia 24, de manhã, fará uma análise das obras "As Meninas" e "Feliz Ano Velho". Sobre a tese de doutorado, segue uma resenha da pesquisadora:
A terapia do riso voltou!
O teatro remonta ao antigo Egito, 5.000 atrás, mas as maiores informações vêm da antiga Grécia, no seu período clássico, e dão conta que o teatro surgiu nas festas da colheita, em honra aos deuses. Era, portanto, uma manifestação marcadamente rural, popular.
O circo, de origem aristocrática, formado por espetáculos protagonizados por antigos cavaleiros da rainha da Inglaterra, que montavam e exibiam-se sobre cavalos, data do século XVIII. Os números de equitação eram extremamente monótonos e, aos poucos, adentraram o palhaço, os equilibristas, os malabaristas e o cavalo perdeu espaço. Inúmeras companhias circenses excursionaram pela Europa e pela América, propiciando integração entre os povos e a disseminação da cultura desses povos.
Em 1929, no interior de Sorocaba, Silvério de Almeida, um comediante, adoecera e não poderia apresentar-se para os trabalhadores de uma lavoura de café. Pediu que o filho, José Epaminondas, avisasse ao dono da fazenda que não haveria espetáculo, mas o rapaz decidiu que ele faria a apresentação – uma palestra cômica, semelhante aos “stand ups” modernos, em que um homem apresenta-se sozinho no palco. Os números apresentados foram um sucesso, nascia ali Nhô Bastião e, para fazer dupla com ele, Isolina, a sua irmã, assumiu a identidade de Nh’ana. Sempre sob a tutela do pai, ambos apresentaram-se por muitos anos nas lavouras de café, entre os trabalhadores, até que a família comprou um circo de pau a pique: o Circo Oriente. Mais tarde, já percorrendo o interior paulista e os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, José Epaminondas adquiriu a Politeama Oriente – um teatro feito com chapas de zinco que se encaixavam para a montagem, havendo espaço para “puleiros” e cadeiras em que o público acomodava-se.
Aos poucos, Nhô Bastião preparou o seu sucessor como cômico, o seu filho mais velho, José Maria de Almeida. Em 1962, quando o teatro estava armado em Cruz Alta, o velho José Epaminondas, recolhido à sua chácara em Ponta Grossa/PR, decidiu que era hora de fazer sorrir o além. Já maquiado para entrar no palco, o palhaço Serelepe alegrou a plateia e, ao fim do espetáculo, chorou. Oficialmente, entre lágrimas e risos, nascia ali o Teatro Serelepe, que, pressionado especialmente pelas telenovelas que exerciam (e exercem) forte concorrência às chamadas peças de chorar – os melodramas, encerrou as suas atividades em 1981.
Mas, a terapia do riso renasceu em 1999, sob o comando de Marcelo Serelepe. Os melodramas perderam espaço e a alegria, a comédia, a farsa, o esquete cômico ganharam o palco. O Serelepe – seu Zezo (José Maria) e Marcelo – compuseram ou compõem as lembranças de muitos gaúchos, por isso, em 2018, todos lamentamos o fechamento do teatro, mas...dias atrás, Marcelo Serelepe anunciou que o Teatro Serelepe está de volta, recomeça as suas atividades na cidade de Santiago e traz de volta ao palco a grande dama do teatro, Lea Benvenuto de Almeida, mãe de Marcelo; Ben-hur Benvenuto de Almeida, entre outros artistas.
Saudações, Serelepe! A comunidade gaúcha – entre aqueles que amaram e sonharam ao som das músicas do antigo Big Show; aqueles que derramaram lágrimas em favor de mocinhas perseguidas por terríveis vilões e aqueles que “choraram de rir” – deseja vida longa ao teatro.
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