Pelo Professor Luiz Hugo
Burin
Com o Centenário da
Revolução Farroupilha, em 1935, Caçapava do Sul recebeu do governo Flores da
Cunha algumas obras de cunho abrangentes que perduram até nossos dias. A
principal delas é o majestoso edifício ao lago da Praça da Matriz, destinado
ao funcionamento do Colégio Elementar.
Em 09 de setembro de 1934,
ocorreu o lançamento da pedra fundamental. Um ano após, em setembro de 1935, no
transcurso do centenário da Revolução Farroupilha, ás 14 horas, deu-se início
ao ato inaugural daquele edifício. E, segundo o Decreto 6.072, assinado em 02
de outubro de 1935, recebeu este colégio o nome de Dinarte Ribeiro.
Dinarte José Pereira
Ribeiro – nasceu em Caçapava do Sul a 21 de abril de 1854. Era filho de João
Carlos Ribeiro e Dona Maria Rodrigues Ribeiro.
Ingressou na vida pública,
assumindo, incialmente a chefia da Estação Telegráfica em sua terra natal.
Participou da campanha a favor da propaganda republicana. Com isso, sofreu perseguição
política e em 1888 recebeu como castigo a ordem de transferência para Passo
Fundo. Rebelando-se contra o que considerou arbitrariedade, demitiu-se.
Após a proclamação da
República, Dinarte Ribeiro conquistou maior espeço político e transfere-se para
Porto Alegre, assumindo, em dezembro de 1889 a função de Diretor de
Estatística.
Mas seu aproveitamento foi
colocado a serviço da Educação em 1892, quando assumiu as funções de Diretor
Geral da Instrução Pública do Estado.
Um
ano adiante, deu início a sua vida jornalística, defendendo suas posições em
favor da liberdade de expressão, atuando como oposição ao governo Júlio de
Castilhos, escrevendo para o jornal O Rio Grande. Com o início da Revolução
Federalista de 1893, Dinarte Ribeiro foi preso. Após conseguir escapar da
prisão, fugiu para a Argentina. Mais tarde, admirado pelo Presidente de Morais,
em 1910, foi nomeado Secretário do Arsenal de Guerra, exercendo este cargo até
1919, quando veio falecer.
Esses
são apenas alguns aspectos da história do ilustre caçapavano a merecer a honra
de ter seu nome na instituição educacional mais importante da época em nossa
cidade, cujo número de matrículas, em 1920, era de 284 alunos.
Em
1962, pelo Decreto n° 13.803, o Governador do Estado Leonel Brizola cria a
Escola Normal Dinarte Ribeiro, e o Grupo Escolar Dinarte Ribeiro fica
transformado em Curso de Aplicação da Escola Normal.
A
Escola passou a contar com as normalistas, para serem as futuras professoras do
município. No dia a dia enfeitavam as ruas de Caçapava rigorosamente
uniformizadas, com saias cinza a altura dos joelhos e camisas listradas
vermelhas. Para os dias de gala, ou festividades a Pátria desfilavam garbosamente
em filas, marchado, com sais e luvas brancas, blusas e sapatos azul marinho. No
palanque entre as autoridades presente, o Professor Carlos Cassel deixava
aflorar sua veia poética, desfraldando os adjetivos mais elogiosos possíveis
para as emocionadas normalistas.
A
partir de 1978, a Escola Normal Dinarte Ribeiro passou a funcionar com as termalidades
plenas em: Magistério, Contabilidade, Assistente de Administração, Secretariado
e Auxiliar de Escritório.
Em
1980, houve mais uma alteração, quando a denominação oficial passa a ser Escola
Estadual de 2° Grau Dinarte Ribeiro, mantendo os mesmos cursos.
Os
cem anos percorridos de nossa escola, parecem apenas breves momentos. Mas, se
perguntarmos a cada professor, a cada aluno que lá estudou, poderá se ouvir
longas e belas histórias, e, por certo, a maioria delas repletas de ternura,
pois escola é encontro é diversidade entre seres que se humanizam porque estão
valorizando a vida, porque é dever humano fazê-lo.
É
no dia a dia da escola que os professores se tornam os responsáveis pr seus
alunos. Os Alunos questionam, expõem suas dúvidas, lançam desafios sobre seus
desejos de saber mais, e suas súplicas pela vida e por mudanças. A realidade
por vezes é cruel, e a escola, em qualquer nível, fundamental, médio ou
superior é sempre um ambiente estimulante para a esperança, para o acolhimento.
Como afirma Paulo Freire, o Patrono da Educação no Brasil: “ensinar exige a
convicção de que a mudança é possível”.
Durante
muito tempo se atribuiu a educação o papel de principal promotor da ascensão
social. Atualmente, no que se apregoa ser a modernidade, se questiona muito
qual a tarefa da educação nesse universo que dispensa a aprendizagem e desdenha
a acumulação de conhecimentos? Que interesses escusos querem se tornar protagonistas
maiores que a formação humana?
A
História da educação está sempre se fazendo e se refazendo. Nós professores
somos muito cobrados por tudo a todo o momento, como se tivéssemos todos os
poderes de consertar a sociedade. Os que conhecem uma escola, por dentro, sabem
a complexidade que há numa instituição escolar. Mas a cobrança não nos assusta.
Só o que assusta professor é a ameaça ao fim de sua autonomia no trabalho..
Isso mostra quão grande é nossa responsabilidade e não podemos e nem queremos
fugir dela. Por isso a formação do professor dever contínua na luta por uma
sociedade melhor. Todos se beneficiam quando a Educação é livre para debater os
problemas que são de todos. Com objetivos claros e democráticos em todos os
níveis de ensino, a educação se torna vanguarda em mostrar caminhos que levam
aos direitos humanos, não de alguns humanos, mas de todos. E os livros se
tornam prioridade como ferramentas letais contra a ignorância, contra a
opressão. Através do estudo, das pesquisas o homem se tornou capaz das mais
belas obras de art, dos avanços científicos. Esta é a razão principal em melhor
pensar, usando a filosofia e a sociologia como suportes, para a promoção da
vida, principalmente quando a ciência é usada para o aprimoramento de artefatos
de guerra, caminho doloroso para morte.
Receber
homenagem de uma Feira de Livro enobrece nossa escola, pelos cem anos e
completa. Também declara a nobreza e a homenageiam, pelo reconhecimento de sua importância
social. Escola é conhecimento, é condição impositiva e aclamada a iluminar veredas.
Voltaire,
filósofo do iluminismo supervalorizava a liberdade, quando afirmava que “Posso
não concordar com o que tu dizes, mas lutarei até a morte, para que o possas
dizer em liberdade”.
É
dessa forma que todos os qu chegam a Escola, o fazem sequiosos por valorização
pessoal, por justiça e pela a vida.
E,
por fim, acreditamos que Caçapava toda está de parabéns. O Centenário é uma
conquista coletiva. Parabéns, Dinarte Ribeiro. Isto é, parabéns, professores,
funcionários, alunos, ex-alunos e a todos caçapavanos. A vivência singular,
renovável e redentora do ambiente escolar, pode ser sentida em cada um de nós.
Basta lembrarmos os melhores momentos que passamos dento da Escola. Podemos
ouvir o badalar da sineta, sentir na boca, ainda, o sabor da merenda, o sucesso
numa prova, a mão marcada de giz, a voz de incentivo da professora, a correria
na hora do recreio, o futebol com pés descalços, os primeiros olhares e
suspiros ao despertar o amor que brotava, e que parecia merecer juras eternas.
Enfim, doces lembranças.
Penso
que ninguém deveria sair da escola sem levar consigo, dentro do coração, para o
resto da vida esse sentimento profundo de ter muitas e doces lembranças.
Muito
obrigado!
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