Patrono 2019 - Gujo Teixeira

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Feira do Livro de Caçapava do Sul

sábado, 18 de maio de 2019

Homenagem ao centenário da Escola Dinarte Ribeiro

Pelo Professor Luiz Hugo Burin

A escola Dinarte Ribeiro iniciou pequena situada na esquina da Rua Júlio de Castilhos com a Rua General Osório. Em 1919, o governo de Estado criava o Grupo Escolar que tinha por objetivo reunir as quatro “Aulas Isoladas” existentes na cidade, ministradas pelas professoras Valdemarina Pinto Nedeiro, Eugênia Silveira Alves, Januária Carvalho Leal e do Professor Américo Saldanha de Morais.
Com o Centenário da Revolução Farroupilha, em 1935, Caçapava do Sul recebeu do governo Flores da Cunha algumas obras de cunho abrangentes que perduram até nossos dias. A principal delas é o majestoso edifício ao lago da Praça da Matriz, destinado ao  funcionamento do Colégio Elementar.
Em 09 de setembro de 1934, ocorreu o lançamento da pedra fundamental. Um ano após, em setembro de 1935, no transcurso do centenário da Revolução Farroupilha, ás 14 horas, deu-se início ao ato inaugural daquele edifício. E, segundo o Decreto 6.072, assinado em 02 de outubro de 1935, recebeu este colégio o nome de Dinarte Ribeiro.
Dinarte José Pereira Ribeiro – nasceu em Caçapava do Sul a 21 de abril de 1854. Era filho de João Carlos Ribeiro e Dona Maria Rodrigues Ribeiro.
Ingressou na vida pública, assumindo, incialmente a chefia da Estação Telegráfica em sua terra natal. Participou da campanha a favor da propaganda republicana. Com isso, sofreu perseguição política e em 1888 recebeu como castigo a ordem de transferência para Passo Fundo. Rebelando-se contra o que considerou arbitrariedade, demitiu-se.
Após a proclamação da República, Dinarte Ribeiro conquistou maior espeço político e transfere-se para Porto Alegre, assumindo, em dezembro de 1889 a função de Diretor de Estatística.
Mas seu aproveitamento foi colocado a serviço da Educação em 1892, quando assumiu as funções de Diretor Geral da Instrução Pública do Estado.
Um ano adiante, deu início a sua vida jornalística, defendendo suas posições em favor da liberdade de expressão, atuando como oposição ao governo Júlio de Castilhos, escrevendo para o jornal O Rio Grande. Com o início da Revolução Federalista de 1893, Dinarte Ribeiro foi preso. Após conseguir escapar da prisão, fugiu para a Argentina. Mais tarde, admirado pelo Presidente de Morais, em 1910, foi nomeado Secretário do Arsenal de Guerra, exercendo este cargo até 1919, quando veio falecer.
Esses são apenas alguns aspectos da história do ilustre caçapavano a merecer a honra de ter seu nome na instituição educacional mais importante da época em nossa cidade, cujo número de matrículas, em 1920, era de 284 alunos.
Em 1962, pelo Decreto n° 13.803, o Governador do Estado Leonel Brizola cria a Escola Normal Dinarte Ribeiro, e o Grupo Escolar Dinarte Ribeiro fica transformado em Curso de Aplicação da Escola Normal.
A Escola passou a contar com as normalistas, para serem as futuras professoras do município. No dia a dia enfeitavam as ruas de Caçapava rigorosamente uniformizadas, com saias cinza a altura dos joelhos e camisas listradas vermelhas. Para os dias de gala, ou festividades a Pátria desfilavam garbosamente em filas, marchado, com sais e luvas brancas, blusas e sapatos azul marinho. No palanque entre as autoridades presente, o Professor Carlos Cassel deixava aflorar sua veia poética, desfraldando os adjetivos mais elogiosos possíveis para as emocionadas normalistas.
A partir de 1978, a Escola Normal Dinarte Ribeiro passou a funcionar com as termalidades plenas em: Magistério, Contabilidade, Assistente de Administração, Secretariado e Auxiliar de Escritório.
Em 1980, houve mais uma alteração, quando a denominação oficial passa a ser Escola Estadual de 2° Grau Dinarte Ribeiro, mantendo os mesmos cursos.
Os cem anos percorridos de nossa escola, parecem apenas breves momentos. Mas, se perguntarmos a cada professor, a cada aluno que lá estudou, poderá se ouvir longas e belas histórias, e, por certo, a maioria delas repletas de ternura, pois escola é encontro é diversidade entre seres que se humanizam porque estão valorizando a vida, porque é dever humano fazê-lo.
É no dia a dia da escola que os professores se tornam os responsáveis pr seus alunos. Os Alunos questionam, expõem suas dúvidas, lançam desafios sobre seus desejos de saber mais, e suas súplicas pela vida e por mudanças. A realidade por vezes é cruel, e a escola, em qualquer nível, fundamental, médio ou superior é sempre um ambiente estimulante para a esperança, para o acolhimento. Como afirma Paulo Freire, o Patrono da Educação no Brasil: “ensinar exige a convicção de que a mudança é possível”.
Durante muito tempo se atribuiu a educação o papel de principal promotor da ascensão social. Atualmente, no que se apregoa ser a modernidade, se questiona muito qual a tarefa da educação nesse universo que dispensa a aprendizagem e desdenha a acumulação de conhecimentos? Que interesses escusos querem se tornar protagonistas maiores que a formação humana?
A História da educação está sempre se fazendo e se refazendo. Nós professores somos muito cobrados por tudo a todo o momento, como se tivéssemos todos os poderes de consertar a sociedade. Os que conhecem uma escola, por dentro, sabem a complexidade que há numa instituição escolar. Mas a cobrança não nos assusta. Só o que assusta professor é a ameaça ao fim de sua autonomia no trabalho.. Isso mostra quão grande é nossa responsabilidade e não podemos e nem queremos fugir dela. Por isso a formação do professor dever contínua na luta por uma sociedade melhor. Todos se beneficiam quando a Educação é livre para debater os problemas que são de todos. Com objetivos claros e democráticos em todos os níveis de ensino, a educação se torna vanguarda em mostrar caminhos que levam aos direitos humanos, não de alguns humanos, mas de todos. E os livros se tornam prioridade como ferramentas letais contra a ignorância, contra a opressão. Através do estudo, das pesquisas o homem se tornou capaz das mais belas obras de art, dos avanços científicos. Esta é a razão principal em melhor pensar, usando a filosofia e a sociologia como suportes, para a promoção da vida, principalmente quando a ciência é usada para o aprimoramento de artefatos de guerra, caminho doloroso para morte.
Receber homenagem de uma Feira de Livro enobrece nossa escola, pelos cem anos e completa. Também declara a nobreza e a homenageiam, pelo reconhecimento de sua importância social. Escola é conhecimento, é condição impositiva e aclamada a iluminar veredas.
Voltaire, filósofo do iluminismo supervalorizava a liberdade, quando afirmava que “Posso não concordar com o que tu dizes, mas lutarei até a morte, para que o possas dizer em liberdade”.
É dessa forma que todos os qu chegam a Escola, o fazem sequiosos por valorização pessoal, por justiça e pela a vida.
E, por fim, acreditamos que Caçapava toda está de parabéns. O Centenário é uma conquista coletiva. Parabéns, Dinarte Ribeiro. Isto é, parabéns, professores, funcionários, alunos, ex-alunos e a todos caçapavanos. A vivência singular, renovável e redentora do ambiente escolar, pode ser sentida em cada um de nós. Basta lembrarmos os melhores momentos que passamos dento da Escola. Podemos ouvir o badalar da sineta, sentir na boca, ainda, o sabor da merenda, o sucesso numa prova, a mão marcada de giz, a voz de incentivo da professora, a correria na hora do recreio, o futebol com pés descalços, os primeiros olhares e suspiros ao despertar o amor que brotava, e que parecia merecer juras eternas. Enfim, doces lembranças.
Penso que ninguém deveria sair da escola sem levar consigo, dentro do coração, para o resto da vida esse sentimento profundo de ter muitas e doces lembranças.
Muito obrigado!

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