Discurso proferido pelo Presidente do Instituto João
Simões Lopes Neto, Antônio Carlos Mazza Leite, por ocasião das homenagens a Simões
Lopes Neto na Feira do Livro, 2016
Nestes dois anos que
compõem o Biênio Simoneano – 2015/2016, a memória de Simões Lopes Neto vem
sendo reverenciada permanentemente.
Homenagens como esta
prestada pelos organizadores da 26ª Feira do Livro de Caçapava do Sul, que a
dedicam ao grande regionalista, confirmam o acerto do Governo do Estado em
oficializar o Biênio através de decretoassinado no Palácio Piratini em 3 de
março de 2015.
Na qualidade de
presidente do Instituto João Simões Lopes Neto, tenho a honra de representá-lo
nesta festa literária para agradecer a homenagem e poder lhes contar um pouco
da história desta instituição cultural.
Ao longo dos anoso Instituto
João Simões Lopes Neto consolidou-se como fonte permanente de estudo pesquisa e
divulgação da obra e da vida do seu Patrono e da realização de projetos
culturais, educacionais que abarcam toda a gama de manifestações artísticas:
literatura, teatro, artes plásticas, música e cinema.
Sediado na casa onde
o escritor viveu durante dez anos, entre 1897 e 1907, o Instituto abriu suas
portas ao público em 9 de março de 2006, dia do aniversário do escritor, tendo
a casa sido completamente restaurada e acrescida do Auditório Carlos Reverbel.
A história do Instituto
se confunde com a da casa a partir do ano de 1992, ano em que o pesquisador
pelotense, biógrafo de Simões Lopes, Carlos Francisco Diniz, comprovou que a
casa da rua Dom Pedro II, 812 havia mesmo pertencido ao grande escritor, que a
vendera ao Major Hugo Piratinino de Almeida,depois de nela habitar por dez anos
e, em suas dependências haver escrito a lenda do Negrinho do Pastoreio (publicada
em dezembro 1906).
Em 1992, depois da
descoberta, iniciou-se um movimento liderado por um grupo de estudiosos simoneanos,
secundados por forças sociais ligadas à cultura, que redundou com a obtenção,
pelo promotor de justiça Paulo Charqueiro, de medida liminar impeditiva da
demolição da casa, já vendida a uma construtora. Em 1995, a juíza Luciana de
Abreu Gastaud, confirma a liminar proibindo a demolição do imóvel histórico.
Em agosto de 1999,
liderados pelo então deputado Bernardo de Souza, um grupo de simoneanos, fundou
o Instituto João Simões Lopes Neto, associação civil pública, sem fins
lucrativos que tem por finalidade “preservar, valorizar e divulgar a memória e
a obra de João Simões Lopes Neto”, conforme se lê no art. 2º do estatuto.
Por feliz
coincidência, o novel instituto teve como primeira presidente a Paula Schild
Mascarenhas, neta do Major Hugo Piratinino de Almeida, aquele que comprou a
casa de Simões Lopes. Neste mesmo ano, o então
Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, sancionou o projeto de
lei do deputado Bernardo de Souza, que “declara bem integrante do patrimônio
cultural do Estado a casa, em Pelotas, que pertenceu ao escritor João Simões
Lopes Neto”,Lei n° 11.377, de 5 de outubro de 1999.
A casa do Capitão da
Guarda Nacional foi adquirida definitivamente pelo Instituto em janeiro de
2000, através de projeto aprovado na Lei Estadual de Incentivo à Cultura, com o
patrocínio da empresa pelotense Josapar.
Nos anos seguintes,
com muito esforço e criatividade, houve um incessante trabalho no sentido de
restaurar a casa. Com a inestimável e competente colaboração da Ato Promoção
Cultural,com o apoio incentivado de empresas como Josapar,CEEE - Companhia
Estadual de Energia Elétrica e Copesul - Companhia Petroquímica do Sul, a casa
foi completamente restaurada, mobiliada e equipada para receber seu público
frequentador.
Em dezembro de 2005 a
sede do Instituto João Simões Lopes Neto foi inaugurada oficialmente em
cerimônia que contou com a presença de autoridades locais e estaduais, de patrocinadores
e de simoneanos ilustres.
A Casa do Capitão,
sede do Instituto João Simões Lopes Neto, foi aberta à comunidade no dia 9 de
março de 2006.
Nestes 10 anos de
existência o Instituto vem cumprindo muito bem seus objetivos. Sem dúvida
valeram os esforços dos seus fundadores que de 1999 a 2006 conseguiram a
façanha de restaurar a casa e criar um espaço cultural capaz de orgulhar seu
Patrono, homem extremamente participativo na vida da cidade.
Assim, através de projetos
como Simões vai à Escola, quando turmas de alunos do ensino fundamental e médio
com seus professores visitam a casa e são recepcionados com palestras e
projeções sobre a vida e obra de Simões. Ou quando banners que contam a vida e
obra do autor são levados às escolas das redes de Pelotas e região e atividades
em torno da obra são programadas pelos alunos.
Ou o projeto Teatro
mostra Simões, que incentiva a encenação de peças e textos Simoneanos por
alunos das escolas e faculdades além de grupos amadores e profissionais.
O Prêmio João Simões
Lopes Neto de Artes Visuais, que este ano se realizará pela quinta vez, é outro
projeto que se propõe a desafiar artistas plásticos a interpretar o universo
simoneano a partir das mais diversas linguagens artísticas. O prêmio de
aquisição tem, ano a ano, incorporado ao acervo do Instituto obras plásticas de
grande valor artístico.
Neste momento, o
acervo pictórico do Instituto está exposto no Memorial do Rio Grande do Sul,
fazendo parte da programação intitulada “João Simões Lopes Neto: ontem, hoje e
sempre – Biênio Simoneano 2015/2016”.
Na verdade, o
Instituto João Simões Lopes Neto, honrando a tradição de seu patrono, está em
permanente atividade sempre em busca de manter a chama que presidiu sua
criação.
As palestras de
eminentes estudiosos da obra e da vida de Simões Lopes Neto se sucedem a razão
de uma a cada mês, na Casa do Capitão.
Os centenários dos
Contos Gauchescos, em 2012, das Lendas do Sul, em 2013 e dos Casos do Romualdo,
em 2014, foram comemorados com programações intensas e de grande qualidade
intelectual. Cada um dos contos, cada uma das lendas e os Casos, foram objeto
de análise e interpretação por parte de intelectuais do quilate de Flávio
Loureiro Chaves, Aldyr Garcia Schlee, Donaldo Schüler, Luís Augusto Fischer,
Regina Zilberman, Maria da Glória Bordini, Maria Luiza de Carvalho Armando e
muitos outros do mesma estatura intelectual que encantaram e instigaram o
grande público que normalmente assiste as palestras promovidas pelo Instituto.
Nestes dois anos do
Biênio, as atividades são muitas e se deslocam pelo estado.
Além daquelas
programadas pela casa como o projeto “Cinema na Casa do Capitão”, com curadoria
do Aldyr Schlee, que se estenderá até dezembro, com sessões todas as
quintas-feiras. Faremos uma grande exposição sobre Simões no Santander
Cultural, durante o período da Feira do Livro de Porto Alegre. Além da
exposição, e concomitante a ela, haverá um ciclo de palestras com nomes
exponenciais da cultura gaúcha.
Ao encerrar essas
palavras, quero agradecer em nome do Instituto João Simões Lopes Neto, o
privilégio do convite para participar da abertura da 26ª Feira do Livro de
Caçapava do Sul, dedicada ao Biênio Simoneano e convidar a todos que participem
das atividades programadas, principalmente da Exposição e do Ciclo de Palestras
que ocorrerão na capital do Estado na primeira quinzena de novembro deste ano.
Muito obrigado!