A
26º Feira do Livro de Caçapava do Sul acontece de 22 de abril a 1º de maio, no
Salão Paroquial. É dedicada à Simões Lopes Neto por ocasião do Biênio Simoniano (2015:150
anos do nascimento de João Simões Lopes Neto e 2016: 100 anos de sua morte).
Conheça um pouco sobre sua obras.
Lançadas em vida:
1910
- Cancioneiro Guasca
1912
- Contos Gauchescos
1913
- Lendas do Sul
Lançadas Postumamente:
1952
- Casos do Romualdo
1955
- Terra Gaúcha - História elementar do Rio Grande do Sul
2013
- Terra Gaúcha - História de Infância
2013
- Artinha de Leitura
Contos Gauchescos
Os
contos de Simões Lopes Neto foram, em sua maioria, publicados, inicialmente, no
jornal “Diário Popular”, de Pelotas, nos anos de 1911 e 1912. A única exceção seria a do conto
“Contrabandista” que apareceu no nº 9 da Revista da Academia de Letras do Rio
Grande do Sul (1911/1912), com
divergências em relação ao texto que logo depois constaria em livro. Em setembro de 1912, graças à
louvável iniciativa de Guilherme Echenique, proprietário da Livraria Universal
e amigo do escritor, os contos foram reunidos em livro, trazendo a chancela
daquela casa editorial pelotense. Relativamente ao conto “O menininho do
presépio”, que foi estampado em livro a partir da edição crítica de “Contos
Gauchescos e Lendas do Sul”, de 1949, foi, em primeira mão, publicado no jornal
“A Opinião Pública”, também de Pelotas, no final do ano de 1913. Suspeita
Carlos Reverbel, seu descobridor, que o mesmo seria o único de uma idealizada
segunda série de contos gauchescos que nunca foi concretizada. Com “O menininho
do presépio”, no total, são dezenove
os contos gauchescos do escritor pelotense, considerando-se também os “Artigos
de fé do gaúcho” que mais assemelham-se, em prosa, a “Los consejos del Viejo
Viscacha” do Martín Fierro, impregnados que estão da melhor sabedoria crioula.
Alguns dos contos de Simões, além de terem merecido versão em outros idiomas e
de constituírem leitura obrigatória em exames de ingresso para diversas
universidades, tornaram-se presença indispensável nas
mais respeitadas antologias do gênero.
Trezentas
onças, O negro Bonifácio, No Manantial, Contrabandista, O boi velho
São
contos já consagrados pela habitual transcrição e pelo elogio dos estudiosos. O
prestígio popular e o reconhecimento dos críticos não lhe foram outorgados
graciosamente ou por acaso. Retratista exímio do ambiente gaúcho e da atmosfera
campeira, também manifestou rara habilidade no
desdobramento das tramas psicológicas que envolveram suas histórias e
personagens. Nada, entretanto, foi mais decisivo para sua notoriedade do que a
requintada elaboração literária (o estilo) e a fiel reprodução do autêntico e
despojado falar do habitante dos nossos campos (a linguagem). Tais ferramentas,
cujo domínio exerceu de maneira inconfundível e incomparável, notadamente nos
contos gauchescos, colocaram João Simões Lopes Neto entre os maiores escritores
brasileiros e deram caráter universal ao seu regionalismo literário. (Texto de
Fausto José Leitão Domingues).
Lendas do Sul
Em relação às Lendas do
Sul, Simões Lopes Neto também contou, para sua divulgação inicial, com a
imprensa pelotense. A lenda do Negrinho do Pastoreio, segundo consta, foi a
primeira a ser publicada. Dada ao conhecimento público na edição de 26 de
dezembro de 1906 do Correio Mercantil, jornal então pertencente a Augusto Simões
Lopes, tio do escritor, trazia dedicatória para Coelho Neto que, naqueles dias,
empreendia viagem pelo Estado e encontrava-se em Pelotas. No mesmo jornal, já
com outra direção, a 6 de janeiro de 1909, surgia a do Boitatá, dedicada ao também escritor e advogado José
Joaquim de Andrade Neves Netto. Das três lendas principais, apenas a da
Salamanca do Jarau não viu a luz da publicidade em jornais da terra natal de
Simões; somente apareceu com a edição definitiva em livro. Em 1910, como
resultado de um laborioso trabalho de pesquisa, recolha e compilação de “poesia
popular rio-grandense”, era apresentado ao público o seu Cancioneiro Guasca. E,
de uma forma até certo ponto surpreendente, mas elogiável, nele inseriu algumas
lendas, como a do Boitatá, a do Negrinho do Pastoreio, a do Generoso e “outros
mitos do norte e centro do Brasil” (Lobisomem, Curupira, Jurupari, Caapora,
Saci-pererê e Oiara). Ostentando, mais uma vez, o selo editorial dos seus
amigos da Echenique & C. Editores, em 1913, era editado o livro Lendas do
Sul, com o subtítulo de “populário”. Como novidades, além da inimitável versão
da Salamanca do Jarau, o argumento de algumas lendas missioneiras (Mãe do Ouro,
Cerros Bravos, Casa de Mbororé, Zaoris, Anguera - que é a mesma do Generoso -,
Mãe Mulita e Lunar de Sepé). Acrescentou, entre aquelas que designou como sendo
“argumentos de lendas do centro e norte do Brasil”, a da Mula-sem-cabeça e a
referente aos Enterros. Ao escrever as lendas, não se constituindo em criações
pessoais, JOÃO SIMÕES LOPES NETO como que as reconstruiu, concebendo as versões
que lhe afiguraram mais adequadas. Nessa recriação, é que seu gênio literário
patenteia-se com mais exuberância. Por força de uma estilização incomum e
incomparável, ofereceu, para cada texto, uma feição própria, elegante e
agradável. O reconhecimento do seu labor criativo ultrapassou as fronteiras do
próprio país, bastando citar-se o exemplo do chamado “Projeto Gutemberg”, hoje
amplamente conhecido e destinado a veicular, numa rede mundial de computadores,
sem interesse lucrativo, grandes clássicos da literatura. E o livro Lendas do
Sul foi a primeira obra literária, em idioma português, em 2001, a ser
integralmente divulgada. Depois dele, é que foi publicada a obra “Os Lusíadas”,
de Luís Vaz de Camões! (Texto de Fausto José Leitão Domingues)
Nenhum comentário:
Postar um comentário