O
escritor e mestre em
Linguística Aplicada pela PUCRS, Paulo Ledur, que é professor
de Língua Portuguesa na Escola Superior do Ministério Público, na Escola de
Gestão Pública da Famurs, na Justiça Federal, no Tribunal Regional Federal e no
Instituto de Estudos Municipais, ministrou a oficina Nosso aluno precisa pensar
mais e decorar menos, na segunda e na terça-feira, pela manhã, no Instituto
Dinarte Ribeiro.
A
proposta foi alertar os professores sobre a necessidade de fazer com que o
aluno não se limite a decorar os conteúdos de Língua Portuguesa, e fazer com
que estimulem o uso do raciocínio lógico, dedutivo, da atenção e da reflexão.
De
acordo com Ledur, as crianças vão para a escola para aprender o padrão culto da
língua, porque a linguagem coloquial elas já conhecem. E esse padrão só é
assimilado quando inserido na linguagem.
-
A linguagem oral é transmitida para a escrita no mesmo nível da fala. Isso
esbarrou num problema, porque a fala é muito mais rápida que a escrita. A fala
social é popular porque abre mão do padrão culto. Cada nicho adota um tipo de
gíria e as gírias dos jovens mudam constantemente, enquanto que a dos adultos
permanece a mesma por vinte anos. No dia a dia, há uma mistura de diversos
padrões de linguagem. A escola não pode impedir isso, mas deve deixar claro que
o seu papel é ensinar o padrão culto. Se isso não acontecer, mais adiante este
aluno, irá fracassar, seja no vestibular ou em concursos. O
internetês é a linguagem mais difundida hoje. É fantástica a rapidez que esta
ferramenta proporciona, mas com isso vem a superficialidade e não precisamos
ser superficiais. O processo da escrita não deve acompanhar a rapidez do envio.
O papel da escola é alertar para isso - disse Ledur.
O
escritor destacou também que os textos modernos precisam ter clareza, objetividade
e concisão, sem perder o conteúdo.
-
Não há lugar para aquilo que não diz nada ou diz o óbvio. Não existe mais
espaço para formalidade, é preciso dizer o máximo, no mínimo. E a gramática
existe para organizar a escrita. As pessoas têm mais capacidade de falar do que
escrever, porque dispomos de mais recursos na oralidade, então a escrita tem
que compensar esses recursos. Os erros gramaticais tornam-se pequenos diante do
conteúdo escrito. Então se deve dar importância para aquilo que realmente é. Há
erros e erros. Os professores utilizam 80% do tempo com gramática e 20% com
produção textual, quando devia ser o contrário. Escrever bem é pensar, sentir e
expressar bem. Falta sensibilidade na hora de escrever - concluiu o escritor.
Legenda:
Gramático e mestre em lingüística ministrou oficinas no Instituto Dinarte
Ribeiro
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