Vivo no meio dos livros. Eles fazem bem
para minha cabeça e me trazem dificuldades imensas por causa da minha
rinite alérgica. Como se sabe esta é uma irritação que começa em algum
pó que é levantado ou numa mudança de temperatura, numa rajada de vento
ou numa brisa fresca, e não tem remédio. Convivo com isso todos os dias,
desde que descobri que meu saudoso pai também dela sofria e isso não
impedia a sua convivência com o “Amansa-burros” que tanto me foi útil.
Ainda hoje, vejo-o daqui, na prateleira atrás do computador, ali está
ele, o “Diccionário Prático e Illustrado” de Jayme de Seguier, editado
pela editora Lello, da cidade do Porto, Portugal, aliás a “mais bela
livraria do mundo!”
Duvidam, então procurem-na pela Internet, ou façam como eu que fui à Portugal e levava essa missão específica.
Fotografei-a e deixei-me fotografar em seu interior. É uma igreja, ou melhor , uma catedral, a catedral do livro, que este é o seu santo padroeiro.
E como esta é a Semana do Livro em toda a parte do mundo ocidental, nascida no culto a Shakespeare e Cervantes, eis que ambos morreram no dia 23 de abril, e como há sessenta anos resolvemos copiar o que estava certo e desde então realizamos “Feiras de Livro” aqui no Rio Grande do Sul (começou por Porto Alegre que justamente fará a 60ª.em outubro, a partir do dia 25) e também Semanas do Livro e o Dia do Livro, enfim prestamos nossa homenagem a este objeto tecnologicamente perfeito que é o livro e que nos acompanha há séculos e séculos.
Meu exemplar mais antigo é “The Complete Works of William Shakespeare”, mas nem digo de onde o tirei, isso só vou revelar em minhas memórias, a história da minha trajetória literária e jornalística, que estou preparando para a hora dos oitentinhas... que está chegando.
Pois é assim mesmo. Segunda-feira à noite vou abrir o jogo sobre a criação de crônicas, coisa que me acompanha, de uma forma ou de outra desde 1954, e sempre que posso tiro meu hipotético chapéu para o Irmão Henrique Justo que, com pouco mais de noventa está firme e forte vivendo no Instituto La Salle em Canoas, meu primeiro mestre de literatura.
Com uma obra de no mínimo treze livros e mais algumas cooperações em meia dúzia de antologias, me sinto em condições de pregar que, com rinite e tudo, não poderia viver sem os livros e aqui estou eu, fungando, espirrando, assoando o nariz, mas lendo. Obrigado, Irmão Henrique, obrigado William, obrigado Don Miguel e Jayme de Seguier, Byron, Castro Alves, e tantos milhares que deram contribuição para manter esta mágica.
Aqui mesmo, nas páginas deste jornal vou ser lido, tenho certeza, por alguém que sonha botar suas ideias num papel impresso e circular num volume, algo tão mágico como o Livro. Digam-me algum objeto tecnológico melhor do que ele.
Não tem frio, calor, chuva, sol, nada o impede de transitar, não precisa de energia elétrica nem bateria.
Está pronto. Passa a ser um ícone e uma joia preciosa. E agora, você vai a Ivotí, Estância Velha ou Esteio, é que tem um evento por esses lugares lembrando o Livro, ou aguarda a feira de sua cidade ou sim, Porto Alegre, a capital que cultiva o livro na praça a partir da última semana de outubro e vai fazer isso pelo 60º.ano consecutivo. Logo será em Novo Hamburgo, São Leopoldo, Campo Bom, Gramado ou Taquara, enfim, onde você for terá à mão uma lembrança e um acontecimento desses.
Reze junto comigo, com rinite ou sem rinite, pela permanência na face da Terra desse fenômeno mundial.
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