Oldemar Santos, Pedro Vanolin, Lislair Leão Marques e Jacques Duarte Cassel na Rádio Caçapava |
No dia 2 de maio, Dr. Jacques Duarte Cassel e a escritora Lislair Leão Marques divulgaram o livro “Flores a Vovô Miguel” no Programa Ligação Direta da Radio Caçapava. O livro será lançado na XXII Feira do Livro no dia 12 de maio. O Coordenador da feira, Pedro Vanolin, também falou sobre o evento.
O livro “Flores a Vovô Miguel” resgata poemas escritos por Miguel dos Santos Paz, no despertar de sua mocidade, em 1891 a 1897. Os poemas selecionados têm características do Romantismo e tem como tema a flor. O livro é enriquecido com aquarelas de Lislair Leão Marques, autora do livro.
Saiba mais sobre os poemas de Vovô Miguel no texto abaixo do médico Jacques Duarte Cassel.
O Romantismo em Tempo de Guerra
Poesia em tempos conturbados, tempos de guerra? Sim. Nestes tempos também. Há 21 anos findava a Guerra do Paraguai (1870), há 3 anos fora assinada a Lei Áurea (abolição dos escravos negros, em 13 de maio de 1888), há 2 anos fora proclamada a República (1889) e transcorreu a Revolução Federalista na região Sul (1893 a 1895), e Miguel dos Santos Paz escreveu seus poemas de 1891 a 1897, antes de tornar-se alfabetizador em distritos rurais de Caçapava do Sul (principalmente no Seivalzinho), Lavras do Sul e São Sepé.
Revoluções, guerras, lutas pelo poder.
Poesia, ensino, alfabetização.
Em um artigo homenageando o dia do professor, Moacyr Scliar escreve: “A frase que Lenin pronunciou quando, em 25 de outubro, os bolcheviques tomaram o Palácio de Inverno, sede da monarquia russa – “Iniciamos agora a construção de uma nova sociedade”- poderia ser dita por um modesto professor em sua, não raro, precária escola. Porque as revoluções mais importantes não são aquelas em que o poder é conquistado a ferro e fogo, em que os inimigos são executados, em que os dirigentes dizem ao povo o que deve ser feito; não, as verdadeiras revoluções ocorrem de maneira quase imperceptível. Quando uma criança escreve, de maneira hesitante, as primeiras letras em seu caderno, temos uma revolução. Quando lê seu primeiro livro, temos uma revolução. Quando aprende a trabalhar com o computador, temos uma revolução.”
Sentir e transmitir o que sente, assim é o poeta.
A poesia transcende o tempo, conflitos, mesquinharias.
Ela estava presente na coesão dos átomos e moléculas que geraram matéria, vida, energia, alma.
A poesia são as palavras com alma.
Viver é poético.
Neste contexto de transcendência é que temos o prazer e o encantamento de entrar em contato com as poesias de Miguel dos Santos Paz, resgatadas por sua bisneta Lislair Leão Marques – autora das aquarelas- no livro “Flores a Vovô Miguel”, que será lançado na Feira do Livro de Caçapava do Sul em maio vindouro.
Com características estilísticas do Romantismo, Miguel dos Santos Paz vai tecendo seus poemas, dos quais emergem:
dores permeadas de saudades:
“Suas rosas desfolharam tão cedo
Mas, por pesares que não sei definições,
E, ao lembrar-me,pois, ainda conservo
Com reserva de todas as afeições”
“E, nesta vida de ilusões perenes:
Eu guardo sempre do passado as flores
Que as idolatro num fervor que preme
Ficando,ainda, as circunstantes dores”;
juras de amor:
“Jurei amar-te, meu coração deseja
Para que vejas este sincero amor
E quando esta paixão dominar-me a alma
Já tenho a calma de suportar tal dor”.
Nestes trechos percebemos o romantismo e o lirismo do poeta, que predominam em seus poemas construídos com amores, flores, flores-amores, colibris, estrelas, andorinhas.
Lembrando outro poeta, o santamariense Luis Guilherme do Prado Veppo:
“Minha alma andou pelas ruas desta cidade
Mais do que o meu corpo
Minha alma anda pelas ruas desta cidade
Mais do que o meu corpo
Minha alma andará pelas ruas desta cidade
Mais do que o meu corpo
Que inveja meu corpo tem da minha alma”
A alma de Miguel anda e andará pelas ruas e campos desta cidade.
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