Por vezes, faltamos aos compromissos familiares. É o que me
sucede hoje. Em verdade, deveria estar aqui, em Caçapava do Sul, prestando
minha homenagem a Alcy Cheuiche, porque, se existe alguma coisa que
se possa chamar de solidariedade e parentesco, é esta amizade que nos une.
Temos estado juntos desde sempre, ou desde que nos
descobrimos. Temos feito um trajeto semelhante e muitas e muitas vezes ou, sem
exagero, em algumas vezes, me orgulho de ter ajudado a inflar as velas do barco
deAlcy, convencendo-o de que temos que continuar navegando.
É um bom propósito.
Sei, por exemplo, de quase todos os problemas e questões que
afetam o foro íntimo e a personalidade pública de Alcy Cheuiche e
defendo, com vigor e entusiasmo, o extraordinário papel que ele desempenha como
escritor criativo e decididamente trabalhador e produtivo, e como mestre, como
professor dedicado e generoso, de inúmeros trabalhadores intelectuais.
Alcy se doa, se entrega como ser humano cheio de paixão
pela escrita e compreensão pelos que querem crescer, sem reservas, pensando
apenas no que eles poderão “vir a ser”, produzir, ampliar o campo de ação da
atividade.
Não tem restrições e disso eu posso dar testemunho
entusiasmado e sincero, aqui.
Durante muitos anos, enquanto mantive um programa de rádio
na Guaíba, cujo aniversário de 55 anos comemoramos no dia 30 de abril e vamos
festejar amanhã, contei com a presença de Alcy, ao alcance de um
telefonema convocador da produção da rádio, para que nos trouxesse o
brilho de sua inteligência e a contribuição da sua cultura, para melhorar o que
poderíamos apresentar sobre este ou aquele fato, ou algo que ocorria na vida da
capital gaúcha.
Quando ele se candidatou à uma vaga no Conselho
Estadual de Cultura, mais e mais me senti realizado, porque, repito, era como
um irmão meu que se projetava cada vez mais.
Não pensem que estou cobrando a reciprocidade, porque esta
já houve, pela sua dedicação e pelo seu apoio em todas as minhas
pretensões, por mais loucas que elas fossem, por mais diáfanas ou desprovidas
do senso da realidade.
Amigo é para essas coisas, todos sabem aqui em Caçapava, uma
das fontes fundidoras do real caráter dosrio-grandenses, aquilo em que muitos
brasileiros não acreditam, ou por não entenderem ou por desconhecerem a
realidade generosa em que nascemos.
Assim, Alcy, quando de sua reeleição para o Conselho
Estadual de Cultura, ocorrida há dois dias, senti a minha própria
vitória pessoal, não pela eleição em si, você alcançaria o galardão sem o meu
apoio, mas por sentir que aquilo que eu prego é mesmo a realização de quem tem
méritos e não precisa de influências externas, mas sim da sua própria
capacidade e essa você a tem de sobra.
Perdoem-me o desabafo, caçapavanos amigos, mas
acho que Alcy ainda tem um largo caminho a cumprir,
levando seu nome e de seus concidadãos, porque cidade é a que a gente escolhe e
não a que onde nascemos e crescemos por circunstâncias históricas. É uma
questão de escolha. E sei que hoje ele está entre os seus, assim como ele é dos
nossos, de Porto Alegre, da sua região metropolitana, enfim do Rio Grande do
Sul, por ser um dos mais qualificados intérpretes do espírito, da tradição e da
força gaúcha.
Recebe meu abraço, Alcy Cheuiche, e quero
desejar-lhe, para o bem de todos nós, uma longa e proveitosa jornada.
Obrigado, meu irmão, por me apoiar nos momentos difíceis e
significativos da minha vida pessoal e na minha carreira literária e pessoal e
por seres quem és, um intelectual que distingue o Rio Grande e o
Brasil!
Walter Galvani, em 4 de maio de 2012.
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